terça-feira, 6 de julho de 2010

a estrada novamente

Pois então, chegou o momento de retomar a estrada, pensei e refleti bastante sobre a primeira parte desse projeto que ficou relatado e deu inicio ao presente blog. Experiências muitas e em pouco tempo, positivas e desagradaveis também, novos conhecimentos que alargaram meu horizonte revelando o pouco que conheço e o infinito que nunca abraçarei. Hoje posso afirmar que estou ainda mais apaixonado pela vida, e por minha namorada também, que não por acaso conheci nessa viagem que me refiro, a parte desagradável da viagem me ensinou muito, tive o primeiro contato com o selvagem e indomável território andino, encantei-me com suas cordilheiras, interagi com seu povo de história rica e origem indígena e entrei numa viagem alucinante quase sem volta pelo seu deserto árido e frio. Por vezes me dá arrepio em lembrar do perrengue, me vêm lembranças que projetam em mim medos e insegurança. Não há como esquecer o que passou, hoje faz parte de mim, assim como o gostinho que senti pela primeira vez de pegar a estrada, e deixar de ser quem eu fui para ser outro um outro que vive o presente, que estranha sensação de acordar num ônibus, trem ou quarto de hotel e não saber ao certo quem é, de onde veio.. e as vezes nem para onde vai, mas logo passa e você já está novamente se deslocando para frente, para o desconhecido que lhe sussura seduzindo-o. E o que era sua vida se torna outras tantas vidas com inúmeros personagens, velhos e sábios índios, malandros de terminais rodoviários, crianças com cara de velhos,cães pela estrada, turistas deslumbrados, andarilhos desapegados, motoristas de táxi observadores e conversadores, conterrâneos pelo caminho, companheiros de trechos ora curtos ora longos...
E aí está você, solto num universo que é seu por origem, mas muitas vezes preso por uma vida que também é sua, veja que eu disse "também" não por acaso, uma vida pode aprisionar muitas outras assim como conviver com todas outras.
As escolhas são riscos, ao assumir uma escolha assumimos os riscos, como num relacionamento amoroso onde escolhemos amar e nos entregarmos sabendo que decepções acontecerão, contorná-las e seguir em frente é um caminho assim como partir para outro relacionamento é outro, sentar na vida e se lamentar outro...
Hoje estou mais preparado, me sinto mais confiante, já conheço uma pequena parte do caminho, estou inteiro fisicamente(sem costela quebrada dessa vez) e conheci o limite de meu organismo e não pretendo voltar a testá-lo é claro, percebi que é fundamental ter uma aclimatação correta e um roteiro planejado neste sentido, pois na primeira parte da viagem fui de cara para o lugar mais alto, frio, inóspito e sem estrutura de toda america do sul; o salar de uyuni, que também foi o lugar mais fascinante e bonito que meus olhos já viram, e sem aclimatação..Um dia volto lá.